29.10.06

Não adianta vir dizer que minhas roupas tem minha cara - até porque não sei até onde isso é somente bom - que sei fazer coisas legais e etc, etc, etc. Mal. Só isso. Mas agora isso me permite criar, afinal é só isso que sei fazer bem e sem aparentes problemas...
O alergista sempre diz, e repetiu semanas atras, que sou súuuuper alérgica e que não tem jeito, se ventar tenho uma crise! O oftalmologista disse que tenho 0,25 de sei lá o que, no olho esquerdo e 0,5 de sei lá outro o que, no direito e então tenho que usar óculos pra ler e usar o computador. Terminei no início do mês a fisioterapia pra tal do derrame articular que tive no pé direito e comecei a sentir uma dor interminável no ombro esquerdo: tendinite. A fisioterapeuta, na avaliação pro RPG, disse que tenho uma coluna de quase 60 anos, que meu pescoço tá absurdamente tencionado, que meus joelhos e pés são tortos pra dentro, que meu ombro esquerdo é mais baixo que o direito e que já tive uma fratura no ombro, coisa que eu não podia nem imaginar muito menos tenho idéia de quando e porque fraturei! Aí me lembro que tenho desvio de septo e carne no nariz, que já quebrei os dois dentes da frente quase por inteiro e que só não dou sorrisos banguelas por aí graças e uma restauração milagrosa que me custaram 9hs na cadeira do dentista, que meu fígado é meio lélé e vez por outra meu colesterol fica alto, que tomo anti-depressivo e ansiolítico pra não passar os dias trancados em casa chorando... Resta só mesmo minha criatividade, é a única coisa que tenho. Se meu corpo é cheio de ziqziras, pelo menos minha cabeça inventa coisas boas - mesmo que tenha ajuda de uma tarja preta!

28.10.06

"o ano inteiro eu corro atras não sei de que exatamente"

Pra que me serve afinal essa coisa de ter um blog? Vida exposta! Que vida? Essas merdas que escrevo aqui são sim a minha merda de vida... e lê quem quer também, não invado o computador de ninguém exijo que leiam essas letras!
Tenho um tanto de posts escritos no bloco-amigo, que vai comigo e com a caneta preta a todos os lugares, em folhinhas soltas na bolsa da frente da mochila, em bolsos de traz das calças jeans, em gavetas e até como mensagens salvas no celular! E pra que tudo isso? Pra me tornar pública? Não. NÃO! Esse blog não tem uma razão de ser, nem tem que ter.. escrevo porque quero e o que quero, ninguém me pede explicações por isso, nem espero que ouse pedir. Nem tudo precisa ter função. "Pra que uma tatuagem nova?" Pra ser diferente de você, e só! Tá, isso teve uma função. Então pra que deixar o cabelo crescer? Pra que cortar? Pra que escrever sobre você num blog público, ter essa exposição? PORQUE SIM! E por que sim é, e sempre foi, resposta. Por mais que tenha discordado disso por toda a infância.

15.10.06

- É.. minha senhora, meu lugar é o 28! ...
- Mas essa aqui é a 24!?
- Não. 24 é essa da frente. Essa aí é a 28!
- Ai meu Deus. Então peraí...
...
- Pode ficar aí então... eu fico na 24
!

Eu, sentada na poltrona 27, presenciava "Marco Túlio de Rio das Ostras", verdadeiro comprador da poltrona 28, dialogando com a senhora que havia se sentado ao meu lado pensando ser a 24!

Sete da manhã. Rodoviária Novo Rio lotada, feriado, 12 de outubro. Vejo um grupo de amigos conversando... "Marco Túlio"!!! O nome real é uma incógnita, talvez algum dia eu até tenha sabido, mas não sei mais. Lembro que num dos últimos shows do Jota Quest em Rio das Ostras, eu, Carla e Mani apelidamos "Marco Túlio" de Marco Túlio porque ele tinha o cabelo parecido com o dele (guitarrista do Jota). Bobeiras, mas dessas bobeiras que ficam. Como ele estava sempre presente nas nossas noites de verão por bons anos, acabou virando o Marco Túlio!
E, um dia, como por um estalo, o vi lindo, ruivo! "Oi"? Nunca! Qualquer palavra que seja nunca foi dita entre nós. Olhares, olhares... nada mais.
Nos últimos verões ele não mais apareceu, nós também passamos a não mais achar as noites de Rio das Ostras tão divertidas.
Num dia qualquer de Anima Mundi ele estava no CCBB. Me viu, mas e daí? Ele lindo, lindo, e eu, a menina que babava por ele. Isso aconteceu à uns 2, 3 anos. Passou. Até vê-lo alí, conversando com aquelas pessoas, ver que ele me viu! Marco Túlio! Ainda mais lindo, barba ruiva, cabelo do tamanho certo, alto, índie.

7:20. Ainda bem que o ônibus chegou.
7:30. Diálogo inicial deste post, sem a minha participação, é claro, acho que minha língua fica boba e nenhuma palavra é capaz de ser pronunciada quando vejo tão de perto aqueles olhos mel, verde, coloridos, atrás daqueles óculos índies...

Então ele passou as 4hs de viajem do Rio à Rio das Ostras sentado uma poltrona à minha frente enquanto podia estar ao meu lado! Claro que fiquei imaginando milhões de coisas, assuntos, sorrisos...
Na parada no meio do caminho? Eu sei, podia ter conversado, mas se o vejo me vendo, lembro que ele é "o perfeito", que se conversasse com ele por 15 min e o achasse legal casaria no minuto seguinte!
Então volto pro ônibus. Ele também. Mas nada. Pego minha trilha sonora perfeita, Arnaldo Antunes, e o observo, observo, observo. Lindo não é a palavra, ele é hipnotizante!
Ruivos bonitos - pra mim - são a representação mais legitima do diferente, que eu tanto gosto, o não-comum. Eles são raros, os bonitos e índies são raros e cobiçados!

"Tchau" em pensamento. Sabe lá Deus quando o verei novamente, real, porque em sonhos, seja como for, depois de vê-lo tão de perto, ainda o encontrarei por algum tempo.

8.10.06

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Todas essas cadeiras azuis enfileiradas em trios. Monotonia total. A televisão fica com um volume que só cachorros, que dizem, tem a audição sei lá quantas vezes maior que a nossa, poderiam ouvir, ao mesmo tempo em que o rádio, sintonizados em uma dessas estações que tocam MPB em todas as línguas, também fica com o volume tão, tão... que se consegue perceber que existe som, mas qual? Alguns reviram - pois já é impossível folhear - revistas que de tão velhas devem ter como grandes lançamentos a TV à cores ou o ferro elétrico!
Será que ficam todos imaginando a enfermidade que trouxe os outros a fisioterapia ou eu sou a única louca? Adoro quando entra alguém mancando, é menos um pra eu me questionar! Ainda bem que trago sempre umas linhas e agulha de croché ou meu José de Alencar companheiro de R$ 1,00! Hoje trouxe o bloco e sou a única a escrever em uma sala de espera com mais de vinte pessoas!
Gelo 20 min. Fico reparando o ir e vir das meninas de jaleco branco. Ainda bem que nenhuma puxa assunto! É bonitinho e organizado aqui. A verdade é que esse derrame articular no dedo fulano de tal do pé direito quase não dói, mas se eu gasto metade do meu salário pagando plano de saúde, vou usar tudo que puder! Se cair um cilho e eu achar que tenho um grande problema por isso, vou ao médico! Hipocondríaca? Não! Sou bichada mesmo e se ficar sem plano de saúde piro.
Meu pé tá doendo horrores com o gelo. Ainda falta o tal do tens, um choquinho que faz o pé ficar formigando, a ultra, quatro minutos sem sentir nada, mas deve fazer algum efeito e o laser, que também deve servir pra alguma coisa!
Por que alguém decide ser fisioterapeuta?

7.10.06

Se quiserem me dar presentes de aniversário eu aceito! Aceito amizade sincera, abraço apertado e carinhos variados. Aceito um cabelo que já acorde pronto e não dê o mínimo trabalho. Aceito pílulas mágicas pra emagrecer. Aceito a cura pra todas as minhas alergias. Aceito uma máquina de tele-transporte. Aceito receber um prêmio Shell de melhor figurino. Aceito também uma máquina de costura industrial superpotente. Aceito roupas do Ronaldo Fraga e do Jum Nakao. Aceito a coleção completa de "História da vida provada no Brasil". Aceito um atelier... Ah! Aceito também carro e apartamento!

1.10.06

Estréia é uma palavra que soa exatamente como estranho. Ver meu trabalho no palco, não sendo mais meu, mas da encenação, da arte. E lembrar de tudo, de ir ao patrocinador escolher tecido, que era apenas tecido, e leva-lo pra Rose, que me amedrontou ao declarar que nunca tinha costurado roupas, que o negócio dela era moda íntima! Então tirar todas as medidas dos atores, que são vaidosos e não aceitam ter a cintura ou o quadril maior que o de fulana, fazer provas de figurino, ajustes... ter então todos aqueles vestidos, camisas, calças e saias aqui e pintar um por um, como peças únicas e por fim escrever, imprimir minha letra em cada um deles, deixar registrado, pra sempre naquele tecido, minha letra. Um figurino realmente especial. Meses de trabalho, ensaios, encontros com o diretor... e a cada momento eu pensava que é pra isso que eu estudei quatro anos e meio, pra desenhar, conceber, me preocupar e estrear! ESTREAR. Vê-los pelo palco é me sentir um pouco Deus, "criaturas" que já não são minhas mas que saíram de mim, do meu sofrimento, da minha alegria, minha criatividade, meus lápis, minhas tintas, minhas colas, minhas cores. E saber que a arte é isso, que está além de qualquer explicação, que move a mim e a quem mais necessitar.