27.5.13

   Eu passei muito tempo sozinha. Primeiro porque escolhi assim, preferia companhia masculina nenhuma a uma companhia qualquer, depois porque mergulhei fundo em um amor platônico por um homem que não queria de mim nada além do meu ombro amigo... Então cansei de ser sozinha, avulsa, descomprometida. 
   Chorei algumas noites de solidão – e ainda choro, pois ser sozinha, ou me sentir assim, é um traço da minha personalidade, infelizmente – até um dia ouvir, de um conselheiro, que se pode pedir a Deus, aos seus guias, ao anjo da guarda, aos santos ou a quem sua fé for mais forte, tudo que se quer, tudo que se precisa, pois o mundo espiritual está pronto a te ajudar, sempre, mas é preciso pedir! Sim, eu pedia saúde, pedia paz, pedia emprego... mas namorado? Minha única tentativa tinha sido frustrada. Pedi pra ser amada e fui atendida, mas eu não consegui amar quem me amava. “Você pode pedir tudo, tudo que você acredita que seja necessário pra te fazer feliz, desde que não prejudique ninguém, não faça mal pra ninguém... se for da vontade de Deus, o que você quer virá.” E o medo de que não fosse “da vontade de Deus” que eu fosse, novamente, feliz no amor?!
   Então comecei a pedir que me fosse apresentado um homem bom de coração, que me amasse e que eu o amasse, que ele me fizesse sentir querida, protegida e que esse fosse o meu último namorado, pois eu já estava cansada de ser sozinha (e dividir apartamento com muitas pessoas, e cuidar sozinha de tudo, e não ter companhia pra coisas básicas, ah, além de já querer ter filho). Eu pedi. Eu pedi. Eu pedi. 
   Então cheguei pra trabalhar um dia e você era o novo segurança da galeria. A gente foi conversando e cada novo detalhe seu que eu conhecia pensava: “Se eu fosse adolescente ficaria apaixonada por esse cara!”. O tempo foi passando e, alguns meses depois, eu, esquecendo que não sou mais uma adolescente, comecei a bolar estratégias para “pegar o segurança”. Todas falharam. Aí você me chamou pra beber uma cerveja na Lapa, já que eu tinha tido um dia estressante. Relutei (de raiva e charme) mas aceitei. 
   Bebemos, nos beijamos e eu fiz tudo que não se deve fazer em um primeiro encontro. Meu coração batia forte quando deitei pra dormir, mas não dormi. Pensei em você, em como seria no trabalho, em quando seria a próxima vez, em quanto tempo demoraria pra você falar comigo de novo. No dia seguinte eu sorria como uma criança com bicicleta nova. Você mandou sms e eu sorrindo. “Já era, eu gosto dele...”
   Na segunda vez que a gente saiu eu te disse que queria namorar, você disse que também queria e eu, bem lá no fundo, tive medo de tanta rapidez.
   
   Essa semana fazem 6 meses que isso tudo aconteceu meu amor. 6 meses que eu agradeço a Deus por ter atendido o meu pedido e ter colocado no meu caminho um homem exatamente como eu pedi: com um coração bom e que me amasse como eu o amaria. Você é meu último namorado, não porque é perfeito, ninguém é, mas porque Deus quis assim. Nesse pouco tempo juntos nós já tivemos dias difíceis, nós já nos afastamos e voltamos, mas nem assim conseguimos ficar longe um do outro. E toda vez que falo de você pra alguém que ri e diz: “É, tá apaixonada!”, eu respondo que estou sim, graças a Deus, que estou muito bem assim. Cada demonstração de carinho seu é, pra mim, a certeza de que se pode ter tudo que quiser. Você me dá força, me ensina a encarar a vida sem medo, me ajuda a deixar os traumas e as paranoias pra traz...
   Eu quero, todo dia, ser uma pessoa melhor, por mim e por você, porque o amor faz dessas coisas...