1.10.06

Estréia é uma palavra que soa exatamente como estranho. Ver meu trabalho no palco, não sendo mais meu, mas da encenação, da arte. E lembrar de tudo, de ir ao patrocinador escolher tecido, que era apenas tecido, e leva-lo pra Rose, que me amedrontou ao declarar que nunca tinha costurado roupas, que o negócio dela era moda íntima! Então tirar todas as medidas dos atores, que são vaidosos e não aceitam ter a cintura ou o quadril maior que o de fulana, fazer provas de figurino, ajustes... ter então todos aqueles vestidos, camisas, calças e saias aqui e pintar um por um, como peças únicas e por fim escrever, imprimir minha letra em cada um deles, deixar registrado, pra sempre naquele tecido, minha letra. Um figurino realmente especial. Meses de trabalho, ensaios, encontros com o diretor... e a cada momento eu pensava que é pra isso que eu estudei quatro anos e meio, pra desenhar, conceber, me preocupar e estrear! ESTREAR. Vê-los pelo palco é me sentir um pouco Deus, "criaturas" que já não são minhas mas que saíram de mim, do meu sofrimento, da minha alegria, minha criatividade, meus lápis, minhas tintas, minhas colas, minhas cores. E saber que a arte é isso, que está além de qualquer explicação, que move a mim e a quem mais necessitar.