28.3.10


Passei muito tempo da minha vida acreditando que pra me sentir feliz precisaria estar trabalhando e namorando. Nos últimos quinze dias, pelo menos, eu me sinto feliz como não acontecia a muitos anos. Sei que estou em um dos melhores momentos da minha vida e agradeço todo dia por me dar conta disso agora, no calor dos acontecimentos.

O Parque Lage e os novos amigos me deixam feliz. Aprender me deixa feliz. Aulas boas me deixam feliz. Novas possibilidades felizes me deixam feliz.

24.3.10

na foto da carteira de motorista ainda sou uma menina de cabelo azul.

Minhas postagens mais antigas nesse blog datam de março de 2005. O que significa a incrível marca de 5 anos de O Mundo da Voltas!
Relendo-as me assustei ao saber que faz cinco anos que tive cabelo azul. “Nossa, parece que não tem tanto tempo”.
Com o desmembramento do eccos, o blog antigo, que já saiu do ar, em que eu, Carla e o Nando dividíamos os escritos, cada um seguiu sua carreira solo, digamos assim.

Eu trabalhava no Teatro Ipanema, tinha acabado de acabar a faculdade (um ano no máximo), pensava mais coisas do que minha boca é capaz de verbalizar e achava que o Rio de Janeiro era a cidade que eu queria morar pro resto da vida. Eu tinha 24 anos e realizei um sonho que parecia e permanecia inatingível a quase dez: pintei o cabelo de azul, todo o cabelo.
Lembro de ir trabalhar pensando que poderia ser o último dia. Não tinha como prever a reação da minha chefe ao perceber que a “secretária” quietinha que ia a raves, mas não usava drogas (ela duvidava disso, muito. Mas a Leyla era uma mulher de setenta e poucos anos moderna, como eu duvido muito encontrar novamente. Bons atores, artistas em geral, são uma casta distinta da sociedade) estava com o cabelo completamente azul!
- Ué, é impressão minha, é a luz... ou o seu cabelo ta azul?
- Ta azul!
- E por que você veio com essa tiara? Tava com vergonha? Achou que eu não fosse reparar!??? Acho ótimo isso, cabelo é pra mudar mesmo! Se quando eu era jovenzinha como você também tivesse isso... ai, eu teria o cabelo de cor diferente a cada ano, ou a cada mês!

Já não me lembro mais quanto tempo meu cabelo ficou azul. A manutenção era cara e desbotava muito rápido. Lembro que ele cresceu e ficou com uma raiz enorme, mas ainda com a maior parte azul. Então eu me decepcionei com um amor volátil e decidi que era hora de mudar: “Você gosta do meu cabelo azul? Pois ele não existe mais!”

Hoje não tô trabalhando, voltei pra faculdade e aprendi a não calar tanto quando antes. A Leyla, minha ex-chefe, que eu convivi por quatro anos, morreu no final do ano passado e meus amores continuam voláteis, infelizmente. Por fim, meu cabelo hoje não tem química alguma, e eu me assusto com isso com frequência.

16.3.10

Detesto a sensação de ficar com vergonha, mais ainda por sentir uma vergonha de adolescente, como se eu ainda tivesse 15 anos, ou se novamente tivesse. Aquela vergonha de quando encontrava o cara que tinha ficado no dia anterior...

Eu fiquei exatamente assim hoje quando você chegou no meio da galera e passou a mão pelo meu cabelo. Eu senti uma vergonha dessas de ruborizar qualquer bochecha aparentemente desavergonhada. Eu nem te olhei nos olhos, na verdade acho que nem te olhei. Saí de perto depois de poucos minutos sem dizer tchau e te ouvi dizer alto: “Tchau Patrícia!”. Você me ouviu responder? Acho que nem eu mesma ouvi. Que ridícula! Nós somos adultos e eu nem gosto de você. Mas isso é apenas um comentário...

Você sabe que eu tava bêbada, sabe muito bem. Sabe também que eu não me lembro de tudo que aconteceu e que corro o risco de me arrepender se lembrar. Sei que você sabe por que eu esqueci que te tinha no Facebook e publiquei isso lá. Espero que não tenha entendido como uma ofensa, afinal nós sempre fomos amigos e, por mais que eu tenha te olhado diferente algumas vezes (isso você também já sabe, lembro de te dizer entre beijos e cervejas) não quero virar a escrota que pega o amigo e perde o contado, por vergonha ou qualquer bobagem que o valha.
Desculpe não ter falado com você direito hoje ta? Devia ter te deixado perceber que foi ótimo ter falado do Hélio Oiticica, da Lígia Clark, do Parque Lage, de Arte Moderna e Contemporânea e das nossas aulas em comum no semestre passado. Eu nunca tive uma noite de sexta em um depósito da Lapa e uma bebedeira tão culta na minha vida!
É uma pena que você nunca vá ler isso.

7.3.10

Tem dias que saio da analise achando que perdi um tempo do meu inicio de noite falando bobagens pra uma menina que eu não conheço. Em outros dias penso que eu poderia ser uma pessoa muito pior pra mim se eu não dedicasse o inicio de uma noite por semana a dizer coisas sobre mim para uma menina que deve saber coisas sobre a maluquice humana possíveis de me ajudar a ser menos assim, como sou, e não gosto de ser.
“Pessoas loucas vão ao psiquiatra, as normais vão ao psicanalista”. Filosofia de boteco total escutada numa noite pré carnaval como resposta pra pergunta: “Você faz análise?”
Como eu não sou normal, também já fui ao psiquiatra, e não recomendo a ninguém, ao contrário do(a) psicanalista.
Quando eu fico numa fazer boa e produtiva da analise falo menos de mim por aí, e isso é ótimo. E o que mais me vem à cabeça quando uma senhorinha chata vem puxar assunto comigo no ponto de ônibus (isso é uma constante), é que todos, TODOS, deveriam pagar alguem pra te ouvir em alguma faze da vida, porque existem pessoas no mundo que estudaram pra isso e vão te ouvir por profissão, não por obrigação ou amizade, e só elas podem te ajudar a ver o caminho pra certas coisas. Não porque vão dar respostas, mas sim porque vão te fazer encontrar as respostas.