26.8.06

A quanto tempo eu não vinha te ver! Continuas lindo. Sentia saudades de sentar nestes bancos quase centenários, olhar suas paredes, seus portais, seu pé direito altíssimo... e escrever sobre qualquer coisa. Já redesenhei e discorri sobre muitas obras suas. Já pensei na vida, já chorei, já arrumei briga com um segurança... És tu, umas das construções mais bonitas desta cidade. Lembro-me dos teus slides nas aulas de Arte no Brasil 2, você como melhor exemplificação da arquitetura eclética no Brasil. E olhe, seus guardas continuam os mesmos! Acho que alguns ainda se lembram de mim. Afinal, na época da faculdade vinha te ver pelo menos três vezes por semana. Me envaidecia em mostrar minha carteirinha da EBA-UFRJ e entrar direto enquanto outros pagavam para admirá-lo. Fiquei triste quando te vi fechado, primeiro pela greve, depois para uma restauração que, esbarrando na burocracia, pareceu-me infinita. Hoje, depois de mais de um ano, vim te ver novamente. Sua restauração ainda não foi concluída e, por isso, minha antiga carteirinha não é mais necessária. Todos estão podendo ver-te sem pagar. Seu teto está descascando, seus corredores não estão encerados... mas a sala barroca continua com lindas paredes vermelhas, as réplicas de esculturas clássicas continuam nas galerias de entrada, assim como seu mosaico colorido e suas escadas de mármore. Tu, meu lindo e querido Museu Nacional de Belas Artes, me acolheu quando eu ainda era uma "menina sozinha perdida na cidade grande". Então, vir aqui hoje, te ver, foi como voltar a um lugar seguro, querido.
Te vejo cheio de visitantes e confesso sentir um ciúme tolo. Mas te gosto assim e te quero vivo, pra acolher todas as minhas futuras gerações com o mesmo afago que sempre me acolheu.

Da sempre sua
Patrícia

24.8.06

Se fosse só dor de cabeça ainda estaria bom. Dói o pé. E sei que essa dor não vem de lugar nenhum, ela não existe. Dor que não dói só na alma mas se transforma em dor física é dos piores tipos de tormento que posso ter. Penso que não posso deixar essa maluquice/crueldade me consumir. Não fico triste ou tenho pesadelos por ter percebido que uma pseudo-amiga não é nada amiga, mas por saber é mais uma pessoa falsa no mundo. Dessa vez foi falsa comigo, amanhã será com outra, e mais outra, e mais outra... Minha irmã disse bem: "ela está construindo uma escada de areia".
Então não adianta tomar remédio, nem colocar gelo, nem fazer o que for. Adianta fazer terapia. Adianta pensar que existem pessoas legais. Adianta lembrar com saudades do Nando (que faz aniversário hoje) e de Carla. Adianta pensar que eu sou muito maior que isso tudo, que não foi a primeira vez que isso me aconteceu - mas espero que tenha sido a ultima!

17.8.06

"Declare guerra a quem finge te amar, declare guerra (...). Chega de passar a mão na cabeça de quem te sacaneia."

Se quer espalhar por aí que sou incompetente espalhe, mas pense bem no que anda dizendo, sei que fiz o meu melhor naquele trabalho e não vou admitir que pensem o contrário. E gostava tanto de se dizer minha amiga... pra que tanta intriga agora? Inveja é uma coisa sem sentido. Me invejar pelo que? Por que tô fazendo um figurino de uma peça que não tem espaço pra você!? Faça-me o favor né! Não existe a obrigação de trabalhar em dupla sempre (graças a Deus). Nunca te achei a pessoa mais legal do mundo mas não era pra tanto. Só porque te disseram que é "chefe" de sei lá o que, de um filminho grátis, como a maioria de todos os nossos trabalhos, vai se achar melhor que quem? Olha querida. Tenho mais o que fazer da minha breve vida. Vai arrumar outra vítima que eu tenho mais com o que me preocupar!

13.8.06

sobre a brevidade da vida

Por mais que eu pense na morte. Por mais que à sinta presente, por mais que, às vezes, a deseje, é sempre pra mim... Vê-la tão perto, saber que levou alguém tão próximo, me parece estranhamente palpável e cruel.
Às vésperas do dia dos pais Aline e Vivi ficaram sem o delas, e, mesmo que nesses últimos anos ele não fosse mais nenhum pai exemplar, era o pai delas, o meu tio, que levava a gente pro colégio naquele fusca cor-de-abóbora quase fluorescente, que construiu a casinha de bonecas, com rodas, mais legal da vizinhança, que achava engraçado quando alguma criança enfiava o dedo num bolo de aniversário e que dava aquela risada, alta e espontânea, só dele. E, apesar desses últimos anos tortuosos, ele ainda era o meu tio mais alto e talvez o melhor amigo do meu pai.

6.8.06

Dizem que cachaça se transforma em açúcar quando entra no organismo... só se for na barriga dos outros, na minha se transforma em alegria!!!

1.8.06

relicário

Nesse domingo de chuva, no (não sei se é centro cultural, espaço cultural, sala de exposições ou qualquer outra coisa do tipo) Laurinda Santos Lobo, estava com Mani vendo uma expo de fotografias quando ouvimos uma mulher dizer que no primeiro andar do casarão ia começar uma peça de teatro e que não pagava nada pra assistir. Fomos.
Música boa, peça estranha, começo estranho. Entra em cena então uma caixinha de música, exatamente igual ao único presente que ganhei de dia dos namorados em toda minha vida. A partir daí, peça, texto, cenas, interpretações, tudo ficou em segundo plano. A breve história entre Juninho e eu, minhas expectativas, dores, amores dos 16 anos foram vindo à tona.

Lembro de estar mal por ter terminado com Isac, mesmo já tendo passado quase 2 meses, de ir pra escola naquele ônibus em que quase todo mundo se conhecia e que, num certo ponto, entrava, todos os dias, aquele menino bonitinho. Sempre de jaqueta jeans, parecia mais velho que a gente (eu, minhas primas e o pessoalzinho que a gente ia conversando). Pouco tempo depois, numa festa de Santo Antônio - sei que é bizarro ir a festas de santo, igreja... mas com 16 anos acho que eu não tinha muito senso de ridículo! - ele chega, conversa comigo muito tempo, diz que se chama Maurício mas acha que é nome de advogado sério (????????) e que prefere ser chamado de Juninho. Não fiquei com ele naquela noite e me senti uma menina dos anos 50, namorando só de mãos dadas. No dia seguinte a gente se encontrou na mesma festa e então tudo começou. Ele era mesmo mais velho, tinha 23 e me levava todos os dias até a porta do colégio. Fim-de-semana a gente dava uma volta na rua e eu voltava cedo pra casa. Isso durou um mês, apenas um. Eu terminei porque Isac reapareceu e eu ainda gostava dele. Mas nesse um mês teve o dia dos namorados e, como a gente se conhecia a pouco tempo, não comprei nada pra ele, mas ganhei uma caixinha de música! Não era linda nem fiquei loucamente feliz ou emocionada, mas era meu primeiro presente de dia dos namorados e, mal sabia eu que, mesmo passados quase 10 anos, ainda seria o único, já que meus namoros, casos, ou qualquer coisa do tipo, nunca resistem ao mês de junho!
Lembro que ele chorou quando eu disse que queria terminar porque ainda gostava do meu ex e iria voltar pra ele.
A caixinha de música? Parou de tocar, estragou, a bailarina que rodopiava quebrou o braço, a corda acabou, sei lá! Deve estar no fundo de alguma gaveta, assim como estavam essas lembranças até aquela atriz, com aquele vestido preto e aquele batom vermelho usar como objeto de cena aquela caixinha de música.