26.5.11

“Na inalguração do galpão – Festa; no morro tudo vira festa, com comida... Posso me lembrar da Henriqueta, ceramista lá do morro, numa festa de São João. Nos estávamos dançando, eu e ela, pulando e, ela olhou pra mim e disse: Isto é que é vida!”. Eu nunca vou esquecer disso...”

Depoimento de Celeida Tostes à Regina Célia Pinto no livro que leva seu nome.


Hoje amanheci lendo uma dissertação de mestrado que, em certo momento, relata acontecimentos no morro Chapéu-Mangueira... Comecei escrevendo assim porque fui lendo e pensando que minha família festeira se comporta com felicidade de gente de morro. Talvez só não o sejamos porque, felizmente, algum antepassado suíço, escravo, índio e/ou italiano decidiu não deixar a serra para morar perto do mar, na “cidade grande”.
Lendo os relatos de afastamento às festas costumeiras, por qualquer motivo, e sempre com pessoas dançando felizes, pensei que não sei o que é não ser assim, não dançar quando tem música ou não se reunir quando uma coisa boa acontece.
Eu posso reclamar de muitas coisas na minha vida, posso e reclamo, mas nunca de ter nascido nessa família. A gente erra bastante, briga, se chateia... mas a gente é família de morro, literalmente, e nos reunimos por qualquer motivo, colocamos música, dançamos e ainda acreditamos que, nesses momentos, “isso é que é vida”!

25.5.11

"é tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe..."

Eu gosto dele mais do que ele possa imaginar. Talvez mais do que eu continue a imaginar. Gosto com o corpo todo, gosto com os pelos que arrepiam nos meus braços quando sinto frio pelo vento que entra na janela do taxi. Ele sente calor. Gosto com o ponto do braço que ele cutuca cada vez que quer mais atenção. Gosto com o dorso da mão que ele toca me dizendo pra comer mais um pão de queijo. Eu gosto dele de branco, mas hoje de azul estava lindo. Eu gosto dele cada vez que se cala pra me ouvir tagarelar, gosto porque ele me faz tremer e não deixar de ser eu... eu gosto porque gosto, porque gostar não tem porquês. E continuo a gostar mesmo quando ele me conta histórias bizarras de ex-namoradas, em total tom de confissão, e continuo quando me arrependo de uma piadinha mal sucedida, e ainda quando ele me abraça e diz que gosta muito de conversar comigo, muito mesmo, e vai embora sem me beijar, mais uma vez...

18.5.11

"Eu não sei dançar tão devagar..."

Mantenho, mesmo sem atualizações frequentes, esse blog a alguns anos. Por quê? Eu também não sei bem responder. Os amigos vão se desfazendo dos seus e eu permaneço aqui, sem leitores, mas escrevendo angustias, alegrias, desafetos e tudo mais que der vontade.

Já me dei conta que não escrevo por leitores ou por popularidade na rede. Escrevo porque tem que ser assim, porque antes de ter um blog eu tinha cadernos, e antes dos cadernos eu tive cadernetas e bloquinhos, antes dos bloquinhos eu tive agenda e, no início de tudo, eu tive diário. Não deixei o papel porque tenho um blog, assim como nunca vou parar de desenhar com grafite porque sei desenhar no CorewDraw. A grande e fundamental diferença é que o blog está acessível a qualquer um que saiba ou queria procura-lo pra ler.

No início dessa semana um ex-antigo-recente namorado me escreveu dizendo que tinha lido tudo que tem publicado aqui. Talvez nem seja verdade mas, durante nosso turbulento primeiro relacionamento anos atrás, eu quis muito que ele lesse o que eu escrevia sobre ele. Por maldade ou insegurança ele nunca o fez. Agora, após reencontrados e reafastados, só que dessa vez por escolha minha, ele me escreve dizendo que nunca experimentou tantos sentimentos ao mesmo tempo ao ler meus posts. Se isso é bom? Ele não quis dizer. Na verdade, se é que ele leu mesmo tudo isso aqui, leu um pouco tarde. Só espero, sinceramente, que não me rogue uma praga muito cruel!