“Vive tão disperso, olha pros lados demais, não vê que o futuro é você quem faz, porque o fracasso lhe subiu a cabeça..”

Ontem eu vi um homem armando em Botafogo, bem perto do Rio Sul. Voltando pra casa vi um corpo no Aterro do Flamengo. Já comprei o presente de aniversário da minha mãe e uma bermuda nova na liquidação da Renner. Tenho escutado muito o disco novo da Pitty, mesmo sabendo que é música de adolescente. Tô de saco cheio desse carnaval prolongado e tenho coceiras só de pensar em Monobloco. Leio dois livros ao mesmo tempo e nunca leio nenhum porque não consigo escolher qual ler primeiro. Penso um monte de coisas e passo o dia todo calada porque fico sozinha praticamente o tempo todo. E é só por isso que comecei a escrever esse post. Porque nada me vem mais à cabeça do que os “porquês” dessa solidão toda. Enjoei disso, qual o plano B?

Não bate um ventinho nessa cidade. O calor parece que vai matar qualquer ser vivo na superfície do Rio de Janeiro. Isso não é humano.
O carnaval acabou e eu continuo rouca, não porque me molhei nas mangueiras de Santa Tereza enquanto saracoteava nesse calor infernal pelos poucos blocos que tive disposição de ir, ou porque dancei e falei alto enquanto trabalhava nos bailes de carnaval do Rio Scenarium. Minha voz não é mais a mesma desde que vi o desfile da Mangueira ao vivo e entendi que todos aqueles trocadilhos terríveis fazem sentido: ver a Mangueira entrar (na avenida) é uma das coisas mais emocionantes que existe! Não tem pros carros gigantes da Grande Rio, nem pro samba impecável da Vila Isabel, muito menos pra tradição da Portela. A Mangueira provoca um tipo de euforia nas arquibancadas que me fez ser mangueirense desde a primeira infância. Gritei que “meu coração é verde e rosa” sem nem questionar se isso era realmente verdade.
Ela não ganhou, mas, mesmo não tendo visto a Unidos da Tijuca, acredito em quem viu e garante que o Paulo Barros foi impecável, e eu que já o vi algumas vezes ali na rua de baixo e pensei demais ao ensaiar um pedido de emprego, absolutamente não duvido disso. Mas... terá sido a Viradouro tão ruim assim? Fiquei com muita pena. Ah! E como pode um jurado não dar 10 a uma bateria??? Eu assisti as escolas de segunda feira e não teve uma bateria sequer que não me desse vontade chorar. Ok, eu choro a toa, mas é sempre lindo, liiindo.

- Você já apareceu na televisão?
- Não... já, mas em nada assim...!!!
- Porque eu acho que te conheço.
- A é? Rs
- Sabe o que é, eu vejo muitos programas de moda, achei que você pudesse ter dado entrevista ou participado de algum deles.

Ok. As pessoas surtam durante o carnaval e falam coisas insanas, mas eu fiquei absolutamente lisonjeada!
Esse dialogo aconteceu enquanto algumas meninas, dessas que compram vestidos Cavendish, jeans Diesel e fazem massagem nos cabelos com cremes Kérastase toda semana, escolhiam nossas máscaras pra comprar no domingo de carnaval no Rio Scenárium. Uma das patricinhas (com o perdão do nome), burguesinhas ou sei lá como se chama essa gente hoje em dia, achou que me conhecesse de algum programa bacanérrimo de moda que ela assiste em um dos seus 397 canais da sua TV de 79 polegadas! E eu, com minhas roupichas made in Leader Magazine associadas à Mariza ou C&A, já nem me lembro mais, e uns acessórios fabricados em casa, trabalhando enquanto todos se divertiam, gastando menos dinheiro pra me vestir da cabeça aos pés do que as moçoilas Kérastase gastam para sair à noite, fui confundida com uma bacana qualquer que dá pinta nos canais fashions por aí!
ADOREI!

Sabe essa coisa de se fazer de difícil, querer e fingir que não quer, não sorrir pra não dar mole...? Não sei fazer nada disso. E outra coisa, detectar minha ansiedade logo de cara não é legal também. Eu sou ansiosa sim, mas finge que não percebeu. Ah! E também não entendo porque alguém dá o telefone se não quer que ligue, sacou? Eu dei meu telefone pra você ligar, não pra preencher sua agenda e, se você fez questão de dar o seu, não reclame das mensagens. Uma última coisa, última não, penúltima, não me diga frases iniciadas por: “Preste atenção e guarde pro resto da sua vida...” e agora sim a última coisa, pode abraçar sempre apertado daquele jeito porque é ótimo.