29.6.08

“Você não é daqui do Rio?”

Eu sou do Rio e não me conformo com a violência. Não acho normal ter que andar na rua olhando pra todos os lados ao mesmo tempo, com a mochila pra frente, segurando firme a sacola e, ao perceber que estou sendo seguida, lembrar de todas as estratégias anti-furto que já me foram ensinadas. Não acho normal e não vou me acostumar a perceber que fui a escolhida pro assalto que pode acontecer a qualquer segundo e ter que desviar o caminho que queria fazer, entrar em qualquer loja pra tentar despistar, correr pro metrô acreditando que seja o lugar mais seguro e chorar desesperada com a iminência de perder as poucas coisas que carrego.
Não posso achar que ser assaltada é normal, que quase ser assaltada a coisa banal e corriqueira. Não acho que é assim mesmo, que tem que se saber estratégias pra andar nas ruas. Não quero perder mais nenhum fim-de-semana paralisada.

22.6.08

palavras não são mais do que eu realmente digo

Eu saio e volto 1 da manhã. Em um tempo não muito remoto eu saia de casa à 1 da manhã.
Acho que croquete é salgadinho de paulista interiorano, mas peço porque o dinheiro é curto e é o mais barato do cardápio.
Vejo pessoas com roupas legais e queria ter cada uma delas, cada vestido, cada sapato, cada bolsa, cada saia.
Me sinto jeca mesmo me virando bem entre os(a) cariocas(a).
Chego sempre na hora e não me acostumo com os atrasos das pessoas desta cidade.
Fico triste quando volto da rua à noite.
Me lamento por estar sozinha mas agradeço por não ter um homem chato ao meu lado.
Não consigo olhar muito pra um cara quando o considero bonito.
Uso o computador que o namorado da minha irmã deu pra ela mesmo não gostando muito dele.
Escrevo frases soltas e as considero um post.

12.6.08

É dia dos namorados, pra mim a data mais chata desse extenso calendário comemorativo. Propaganda de corações, pessoas com corações, chatices de corações. Fazendo um parênteses indignado, esse ano a publicidade pegou pesado com a sexualidade, namorados que abraçam e dão flores estão quase extintos, o negócio é vender calcinha sensual, camisola sensual, uma porrada de coisas sensuais! Será que ninguém mais compra ursinho, ou vaquinha, de pelúcia? Ninguém além do Nando, que não é, nunca foi e nunca será meu namorado, mas é o homem que eu mais amo no mundo, e que fofo como é, e como gosta de ser chamado, ainda compra coisas não sensuais ou sexuais pra namorada!
Então sonhei com um ex-namorado que também era fofo, o primeiro que participou da minha vida e sumiu, não quis ser amigo, não quis contato, nunca mais quis me ver. Tudo bem, fui eu quem enjoei dele, terminei, falei que gostava de outro coisa e tal, mas... tá, acho q pra ele eu não seria mesmo amiga. Mas enfim, li na TPM e fiquei pensado que o ex-namorado é realmente um pedaço da gente que morreu. Esse levou 50% da minha adolescência com ele. Levou porque eu deixei.
No sonho eu só o abraçava, abraçava muito. E abraçar alguém é coisa rara pra mim, só com os amigos a quilometros daqui. Não gosto que me encostem sem minha total permissão, isso inclui não abraçar praticamente ninguém que não seja absolutamente querido.
Um sonho de abraços. Eu era eu mesmo, como tô hoje, muito diferente da Patrícia que ele amava, muito diferente mesmo, e ele uma versão idealizada, adulta, do ex-namorado que não se vê a dez anos. Mais inteligente, mais bonito, mais saudoso.
Acordei com saudades, mas não dele, que me foi muito querido, mas da minha versão mais leve, da Patrícia mais despreocupada e menos descrente que morreu com o tempo.

9.6.08

"espere a hora certa para olhar, porque eu vou estar lá..."

Me esqueço do quanto gosto das coisas até que volto a vivencia-las.
Ontem a Columbia tocou no Odisséia e eu lá, como sempre que posso, gastei toda a minha pouca voz de felicidade, angustia, alegria e desespero cantando cada uma das canções que, não canso em dizer, são o que de melhor pode existir na musica independente carioca.
Teatro Odisseia, meu lugar preferido na Lapa, Mercado Mistureba, meu mercado preferido no Rio... Mistureba dentro do Odisséia com show da Columbia foi a melhor combinação pra uma tarde de domingo.

Fernanda, Fred, Bruno e Durão (e Fábio Pena, que ainda não sei se é um novo integrante ou ainda uma participação) me fazem melhor a cada acorde tocado.

3.6.08

Penso tantas coisas pra postar e nenhuma e ocorre quando entro nesse laboratório de informática gelado.