13.6.16

Dos longos amores reencarnados.

Ele me liga todos os dias. T O D O S O S D I A S.
Me chama se "sua linda", "meu bem" e "meu amor". Mas ele chama todos de meu bem...
Ele manda mensagens dizendo onde está, ou de onde está chegando.
Manda foto pra eu ver o corte de cabelo, foto dos gatos, foto do museu que foi visitar.
Ele quer saber o que eu faço, mas sabe que não me controla, ninguém me controla.
Pergunta pela minha dissertação, se mostra interessado com o que eu opino.
Ele me abraça quando aparece um barbudo vindo pela calçada.
Fala com intonação de ciumes quando digo que passei o dia na rua.
As demonstrações de afeto em público são raras.
Eu me reservo. Não sei o que me espera. Não sei.
É fácil gostar dele de novo, muito fácil pra mim. Ele sabe e joga com isso.
Nos falamos todos os dia, a um mês.
Mas eu não sei se ele sente algo por mim. Minha insegurança não deixa.
Eu gosto dele, não sei esconder. Ele sabe. Ele sempre soube.
Ele sabia que a hora que decidisse me querer eu estaria aqui.
Eu, com as esperanças já perdidas depois de 6 anos, ainda imaginava o mesmo beijo na nuca.
Ou o beijo que nunca.
E é com as ligações diárias e o abraço apertado no meio da madrugada espremida em uma cama de solteiro que eu me pergunto se, por bondade divina, esse amor poderia ser, um dia, recíproco.