26.5.07


Gostar da transferência da Corte portuguesa para o Brasil é o que faz de mim diferente. Diferente de mim mesma.
Nunca fui grande aluna em História durante minha árdua vida escolar. Atrapalhei, e muito, as tentativas de aula do professor no 2º grau (que nem mais é chamado assim, agora é ensino médio, mas quando eu tive que passar por esses quatro anos de tortura, eles ainda eram chamados de 2º grau). Até o colégio, só conseguia me manter calada nas aulas de Literatura, ou quando, em alguma outra matéria, estava ameaçada, fosse de repetir novamente ou de ser mandada pra sala da coordenação.
Fui assim até que passei no vestibular (com uma nota boa em História, não me pergunte como! Talvez porque na UFRJ só é cobrada História do Brasil!). Mentira! Entrei na faculdade e ainda tagarelava bastante. Era muita gente nova, muita coisa pra contar!!! Isso em aulas de Geometria, porque nas de História da Arte ou Arte no Brasil não adiantava falar comigo, eu não responderia, estava hipnotizada.
Me encantei então pela "Missão Francesa", a abertura da Escola de Artes e Ofícios, "minha" alí querida, presente, palpável, (ina)habitável Escola de Belas Artes. Me senti, pela primeira vez, participante e atuante da história. Após Debret, Henrique Bernardelli, Vítor Meireles e outros tantos, eu estava alí, tão acadêmica quanto eles, na escola de artes fundada pelo Imperador para ampliar o estudo das artes no Brasil.

Então caminho pelo Largo do Paço e pelo Paço Imperial imaginando Carlota, D.Maria I, Leopoldina, Isabel etc... com seus vestidos lindos, caminhando entre a mobília portuguesa, alí, naquele mesmo espaço onde hoje eu observo obras de arte e a cidade transformada ao redor.

12.5.07


Não há um dia em que eu não sinta saudades, que não lembre das medias-lunas ou não pense em alguma coisa qualquer que seja da prateleira do supermercado, ou em alguma loja... Não há uma foto, em qualquer revista, que não me faça sentir saudades, piscar os olhos com mais força e planejar uma "aposentadoria", só pra ficar pra sempre por lá. Todos os dias tenho vontade gastar meu castelhano pobre, faze-lo ficar rico e sumir pra Buenos Aires.

6.5.07

Por que as pessoas casam eu ainda não sei, mas elas casam e convidam uma multidão de gente pra ver toda aquela cerimônia... e depois pra festa... festa de casamento! Os doces são sempre maravilhosos, a comida nem sempre e o DJ...

Mas sentada numa dessas mesas que cabem oito pessoas, justamente numa festa onde você está só com pai, mãe e irmã, ou seja, vai ter que fazer cara de tacho ou conversar com alguém que você faz muito pouca, ou nenhuma, idéia de quem seja, vê-se os salgadinhos passando, as bebidas passando e, a vida passando! Pois era Rodrigo, grande, enorme, imenso (talvez como todos os outros, e acho isso muito bom, passionalidade ilimitada) amor do passado, um dos garçom que insistiam em não servir a nossa mesa. Maninha insistia que eu tinha que falar com ele, eu tinha que falar, mas cadê que aparecia uma oportunidade!? Ele nem esboçava chegar perto da nossa mesa, que a essa altura já tinha se integrado com os dois pares de padrinhos que sentaram-se conosco, bem, pra falar mal de alguma coisa as pessoas ficam amigas muito rápido! Era impossível não se incomodar com o "embromeixon" do vocalista da banda que aparecera como, sei lá o que, no palco.
Mas Rodrigo lá, de um lado pro outro, ele e todos os seus outros amiguinhos garçons, todos de preto, arrumadinhos... e nada de comida pra nossa mesa! Chegamos então a conclusão de que tínhamos sentado no setor light do salão!
Mamãe, como toda boa e "velha" mãe, completamente impaciente com e situação, começou a chamar todos os garçons. E nada! Vem Rodrigo então servir a mesa a nossa frente, talvez estivesse até de olhos fechados pra não ter que me encarar. Mamãe, melhorando muito a situação, começa: "Ei, menino! Ei!!!" Ele mal olha na nossa direção, e ela: "Nem chamando eles vêm, olha só! Eeeei!". O que passava pela cabaça dele naquela hora!? Além da vergonha que já tava de mim, ainda tinha que ouvir minha mãe chamando por ele sem para! "Meu Deus, vão me forçar a casar!" Tadinho!
Minha mãe então, cansada de chamar pelos garçons, foi à chefe do buffet, só aí então, depois de boas horas sentadas naquelas cadeirinhas, saboreamos uma coisinha qualquer. Então surge, por detrás das minhas costas, uma bandeja com minúsculas empadinhas, Maninha ri, me cutuca, então reconheço a voz! Mas como eu me viraria mais de 180 graus pra falar "OI". Não deu.
Altas horas da festa, não tendo como evitar, ele vem nos servir pelo outro lado da mesa, então sorrio e ele corresponde, louco de vontade sair correndo, mas ainda fica vermelho o suficiente pra eu ter certeza de que continua tímido como antes e lindo como sempre.
DJ de casamento tocando, pessoas muito felizes com tanta cerveja e drinks de vodka, dançando como se a música estivesse boa. Sem álcool não dá, não entro numa pista dessas de cara limpa, e sem poder beber, faço companhia aos anciãos que também não beberam o suficiente.
Chega, pra casa por favor!
Nos despedimos de recém-casados, pais, amigos e toda sorte de gente que ainda restava no salão. Rodrigo continua seu trabalho pelas mesas e eu volto pra casa sem saber onde foram para todos aqueles sonhos de ser músico, DJ, dançarino ou qualquer coisa que envolvesse música! É passado.