27.11.09

Parece que não é verdade. Isso piora tudo.

Eu ainda penso nele quando vejo caras baixos pela rua. Isso poderia ser uma grande piada, isso vai virar uma piada um dia, mas agora não é. Eu, que sempre gostei de homem grande, agora reparo os do meu tamanho com outros olhos. Me sinto ridiculamente fora de época por ter me apaixonado por um cara que nem me beijou. Um romance anos 50 mal sucedido. Talvez pareça mentira porque na hora, lá no dia da festa, no grande tempo que a gente teve de se conhecer, parecia que ele não estava tão “nem aí” pra mim. Não, não foram meus “olhos de pidona”, mesmo sabendo que começar a frase com um não duplo pode indicar sim. Comentou-se que “eles se entenderam bem”. Num diálogo anos 50 isso seria: ela gostou dele e ele dela. Mas quem estava, ou está, na década e no século errado sou eu. O comentário dele feito através da “dona da festa” alguns dias passados foi: “Não senti nada”. Duvido. Entre sete da noite e sete da manhã duvido que ele não tenha tido vontade me pegar nenhuma vez. Teve, mas foi pra casa e passou e eu, de indumentária contemporânea, sem meu piercing que adornou meu rosto por mais de seis anos e pediu a poucas semanas pra ser retirado, com minhas tatuagens e todo o meu melhor discurso, me encantei e voltei pra casa pisando em nuvens. A boba fui eu. Tão boba que uma semana depois ainda perco meu tempo escrevendo sobre isso. E por que eu escrevo? Pra que? Porque eu acho que assim como falar, escrever esvazia.

24.11.09

"Quando eu quis você
Você não me quis
Quando eu fui feliz
Você foi ruim

Eu estava lá mas você não viu

Quando eu quis você
Você desprezou

Tudo se apagou você não me viu"

21.11.09

- Se por acaso ele não tiver gostado de mim, se ele falar isso, não me conte, não hoje. Eu voltei da sua casa depois de ter passado quase doze horas conversando com muitas pessoas que não conhecia, ou que já conhecia, e conversando com ele me sentindo mais gente que antes. Entende isso? Não é fácil nem pra ser explicado, talvez.
Eu gostei dele de cara, no momento em que abri a porta quando ele chegou e você ainda tava no banho. Eu gostei dele na hora que vi. Gostei durante a festa porque ele é uma mistura do tipo de homem que me atraía na adolescência somado ao homem que me atrai hoje em dia. Gostei porque ele ria das coisas que eu falava. Gostei porque todas as vezes que ele chegou perto, mais perto que as outras pessoas, eu tremi. Eu gostei dele porque ele parece um cara bom, de coração puro. Por isso, se você perguntar, ou se ele comentar, e disser que não gostou de mim, não me conte, não hoje, porque eu voltei pra casa agora de manhã e fui a feira sorrindo pros feirantes, como se todos soubessem, ou merecessem saber, que eu tinha acabado de voltar de uma festa do sorvete e passado a noite toda, incluindo o amanhecer, conversando e admirando um menino que se parecia com um outro qualquer, mas que, por algum motivo oculto, me deixou assim.

2.11.09

Não faz muito tempo o fim de ano em Rio das Ostras era a época mais esperada. Nós separávamos as roupas, ainda em Friburgo, por pares e por dias. Existia uma calcinha da sorte, que só a gente sabia que era e que ninguém, absolutamente ninguém via, mas era mantida como amuleto para atrair o menino mais esperado da noite (na total inocência).
O ano passava em Friburgo, fim de semana após fim de semana, a espera do verão a beira mar, onde veríamos as mesmas pessoas dos fins de semana comuns misturadas aos cariocas e aos riostrenses amigos. No carnaval, a terça feira tinha sempre uma roupa melhor que os outros dias, “terça é o melhor dia, por isso a melhor roupa!” a gente não tinha dúvida disso.
A família ia se preparando pra dormir. Nós tomávamos banho enquanto vovó passava a nossa roupa sobre a cama, passávamos a maquiagem e íamos pra rua, de van ou no carro do pai que quisesse nos levar.
Nada era melhor que a rua do shopping. Dudu sempre lá com os outros “punks” amigos de vista, o falso Marco Túlio e seus óculos fundo de garrafa, o pastel de frango com catupiri do Paradinha, a rua do Laranjinha e a fuga dos caras que não pegavam ninguém até a “hora do desespero”, lá pelas 3 da manhã.
Nada era mais divertido do que passar o verão inteiro com Carla, todas as tardes no Costa Azul, as noites na rua do shopping e as manhãs seguintes rindo ao lembrar dos feitos (ou não) da noite anterior.
A gente cresceu e a rua foi ficando sem graça. Os meninos sumindo, os adolescentes (que já não éramos mais) invadindo nosso espaço, as vagas pra colocar o carro diminuindo, as exigências aumentando mais e mais.
Hoje a gente nem fica mais o verão inteiro juntas. Eu fico muito no Rio, ela muito em Friburgo, eu fui ficando chata e depressiva, ela foi tendo outros amigos, outros gostos.
Mas ontem eu passei pela rua do shopping lá pelas 9 da noite e vi as pessoas chegando arrumadinhas e de banho tomado e foi impossível não sentir muita saudade da risada da minha prima, que nem ruiva era nessa época, e que sempre foi a melhor companhia pra sair que já tive.