30.6.07

Agora sim, eu sou voluntária no PAN!
Tenho um crachá verde, com uma foto ridícula, como toda foto 3x4 que se preze, um código de barras – até agora, aparentemente inútil – e todas aquelas gaivotas do símbolo dos jogos, com um escrito BASTIDORES, no verso. Mostro o crachá e tenho passe livre no metrô. Mais uma vez o crachá e passo pela Guarda Nacional nos portões no Maracanã. Começo a acreditar que realmente faço parte desse negócio! E faço. Faço quase todo tipo de coisa ligada aos figurinos (eu e mais uma galera). Coloco roupas nos cabides, escrevo número nos sapatos, separo por tamanhos, dou ponto em macacões que estão descosturando... Empilho caixas, distribuo lanches! E penso se dará tempo? Pro figurino? Sim, mas e o restante? O entorno do Maracanã tá revirado, obras por todos os lados, assim como políticos querendo aparecer na Globo!
O portão tá aberto! Vamos lá?! Entrei, com as outras três meninas que fiquei mais amiga hoje, pra ver o gramado de perto. É lindo!!! Imagino como deve ficar ainda mais com todas aquelas enormes bandeiras (do Flamengo)! É lindo! Gramado perfeitamente verde sendo coberto, Pira Olímpica já posicionada, palco...
É bom pensar que vou fazer parte dessa festa, sem poder assisti-la, mas minha letra vai estar lá, meus pontos, minha organização, meu trabalho.

24.6.07

Não tenho mais vontade escrever aqueles posts enormes contando coisas e mais coisas... não tenho mesmo vontade de nada. Os dias estão sendo empurrados, arrastados. Tenho detestado dormir, porque detesto acordar. Uma "não morte" a cada manhã. Vontade (e não vontade) fazer as malas e mudar correndo. Ânsia de mudança, de diferença. Mas deixar minha "cidade prometida" pra traz será difícil. Muito.
Obcecada pela música "alternativa" de Buenos Aires. Inalcançáveis, agora. Ouço e re-ouço Bicicletas, Jaime Sin Tierra, Siro Bercetche. As poucas, pouquíssimas, músicas que consegui pela internet. E também por uma outra Gal, anos 60/70, que não se compara a essa de hoje.
Restam-me músicas e os amigos, meus dois, sempre.


20.6.07


Vou Recomeçar
Roberto Carlos / Erasmo Carlos

Não sei por que razão eu sofro tanto em minha vida
A minha alegria é uma coisa tão fingida
A felicidade já é coisa esquecida
Mas agora vou recomeçar

Não vou ser mais triste
Vou mudar daqui pra frente
E a minha escrita vai ser muito diferente
A filosofia vou mudar em minha mente
Pois agora vou recomeçar

Quero amor e quero amar
Quero a vida aproveitar
Talvez até arranje alguém
Alguém que eu possa acreditar
Pois agora vou recomeçar
E daqui pra frente eu vou mudar.

17.6.07


Como muitos outros livros durante a escola, dos quais eu lia até certo pondo, enjoava e conseguia um resumo, me foi exigida a leitura de "O Auto da Compadecida". Auto com "u", Ariano Suassuna, repetia a professora. Chegou até mim, não sei por quem ou de onde, a peça. Minha primeira peça.
Nunca tinha lido teatro na vida e, tinha lá meus 15, 16 anos, o devorei como nunca tinha feito antes com outras palavras. Descobri aí Ariano Suassuna.
Anos se passaram, muitos livros e muitas e muitas outras peças de teatro foram lidas, vou ao Teatro Municipal do Rio assistir à aula-espetáculo de Ariano. Descubro então um outro Suassuna, que além de inteligente, fabuloso e engraçado, me fez apreciar a leitura. Depois de "Lúcia já vou indo", acredito que Chicó e João Grilo tenham sido os primeiros personagens a me capturarem do início ao fim na literatura.
Não pude, e talvez nunca possa, abraça-lo para agradecer ter-me feito gostar de livros, principalmente teatro, e me fazer acreditar que não estou sozinha numa luta ideológica pela cultura nacional. Mas posso agradecer, por aqui, tanto a ele, como a Anabelle, minha professora que exigiu e me ensinou a gostar do que é bom: ler.

16.6.07

Me abraça forte e não pergunte porque
Balões de ar enchem-se até explodir
Eu não posso. Talvez não tenha esse direito
Pode chamar... me chama
Tô presa aqui no escuro
Do lado de dentro
Chama. Mais alto
É escuro, frio, quente, úmido, seco
Me tira daqui. Tô sufocando

Não posso exigir que você escute
Grito alto mas não sai som
Chamo mas a voz é oca
Talvez não me tenha visto aqui
Acreditei que sim
Não é drama não amigo
Os exames não dizem a verdade
Eu oscilo e isso é ruim
Pior que o frio cortante da serra.

Me tira daqui do escuro
Me entenda por uns segundos
Quero um colo que não seja remédio
Digo mesmo que não é pose
Não posso te exigir
Mas... me abraça forte e não pergunte porque.

10.6.07

órfã

Sou agora então órfã de banda viva. Nem mais tão viva. Integrantes vivos e banda morta.
É o fim de uma era, de uma geração, de um entusiasmo que só era visto, por mim, em shows do Los Hermanos, no Rio.
Porquês? Aos montes. Todos absolutamente sem explicação, também pra mim.
Estou, ainda agora, uma fã inconformada.
Órfã.
Chorei ontem, a morte da minha banda preferida. Não haverão mais shows do Los. Não existirá mais esse meu eu.
Não acredito em volta, o que se mata agora não se ressuscita depois. Renasce, mas não ressuscita.

9.6.07

carrego sempre água porque preciso dela

Me encurralei nessas cápsulas e deixei que diagnósticos tomassem conta da minha vida. Já é junho, meio do ano, e nada. Minha vida tá parada desde quando e eu só percebi agora? Janeiro? Dezembro? Ainda antes?

Agora precisa andar.

Me livrei de um emprego atormentador e escravocrata, comprei uma pantufa com garras hoje, vou ver o último show do Los Hermanos amanhã.
Aos poucos, muito aos poucos. Não sei se tenho paciência para tanto, mas acho que tem que ser assim mesmo. Ninguém se desvencilha das brumas assoprando de uma só vez. Tem que assoprar, tomar fôlego, assoprar, mais fôlego, assoprar e assoprar de novo.

2.6.07

O Buraco do Espelho

"O buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora."
(peço aos deuses um homem completo como Arnaldo Antunes)