15.10.06

- É.. minha senhora, meu lugar é o 28! ...
- Mas essa aqui é a 24!?
- Não. 24 é essa da frente. Essa aí é a 28!
- Ai meu Deus. Então peraí...
...
- Pode ficar aí então... eu fico na 24
!

Eu, sentada na poltrona 27, presenciava "Marco Túlio de Rio das Ostras", verdadeiro comprador da poltrona 28, dialogando com a senhora que havia se sentado ao meu lado pensando ser a 24!

Sete da manhã. Rodoviária Novo Rio lotada, feriado, 12 de outubro. Vejo um grupo de amigos conversando... "Marco Túlio"!!! O nome real é uma incógnita, talvez algum dia eu até tenha sabido, mas não sei mais. Lembro que num dos últimos shows do Jota Quest em Rio das Ostras, eu, Carla e Mani apelidamos "Marco Túlio" de Marco Túlio porque ele tinha o cabelo parecido com o dele (guitarrista do Jota). Bobeiras, mas dessas bobeiras que ficam. Como ele estava sempre presente nas nossas noites de verão por bons anos, acabou virando o Marco Túlio!
E, um dia, como por um estalo, o vi lindo, ruivo! "Oi"? Nunca! Qualquer palavra que seja nunca foi dita entre nós. Olhares, olhares... nada mais.
Nos últimos verões ele não mais apareceu, nós também passamos a não mais achar as noites de Rio das Ostras tão divertidas.
Num dia qualquer de Anima Mundi ele estava no CCBB. Me viu, mas e daí? Ele lindo, lindo, e eu, a menina que babava por ele. Isso aconteceu à uns 2, 3 anos. Passou. Até vê-lo alí, conversando com aquelas pessoas, ver que ele me viu! Marco Túlio! Ainda mais lindo, barba ruiva, cabelo do tamanho certo, alto, índie.

7:20. Ainda bem que o ônibus chegou.
7:30. Diálogo inicial deste post, sem a minha participação, é claro, acho que minha língua fica boba e nenhuma palavra é capaz de ser pronunciada quando vejo tão de perto aqueles olhos mel, verde, coloridos, atrás daqueles óculos índies...

Então ele passou as 4hs de viajem do Rio à Rio das Ostras sentado uma poltrona à minha frente enquanto podia estar ao meu lado! Claro que fiquei imaginando milhões de coisas, assuntos, sorrisos...
Na parada no meio do caminho? Eu sei, podia ter conversado, mas se o vejo me vendo, lembro que ele é "o perfeito", que se conversasse com ele por 15 min e o achasse legal casaria no minuto seguinte!
Então volto pro ônibus. Ele também. Mas nada. Pego minha trilha sonora perfeita, Arnaldo Antunes, e o observo, observo, observo. Lindo não é a palavra, ele é hipnotizante!
Ruivos bonitos - pra mim - são a representação mais legitima do diferente, que eu tanto gosto, o não-comum. Eles são raros, os bonitos e índies são raros e cobiçados!

"Tchau" em pensamento. Sabe lá Deus quando o verei novamente, real, porque em sonhos, seja como for, depois de vê-lo tão de perto, ainda o encontrarei por algum tempo.