24.3.10

na foto da carteira de motorista ainda sou uma menina de cabelo azul.

Minhas postagens mais antigas nesse blog datam de março de 2005. O que significa a incrível marca de 5 anos de O Mundo da Voltas!
Relendo-as me assustei ao saber que faz cinco anos que tive cabelo azul. “Nossa, parece que não tem tanto tempo”.
Com o desmembramento do eccos, o blog antigo, que já saiu do ar, em que eu, Carla e o Nando dividíamos os escritos, cada um seguiu sua carreira solo, digamos assim.

Eu trabalhava no Teatro Ipanema, tinha acabado de acabar a faculdade (um ano no máximo), pensava mais coisas do que minha boca é capaz de verbalizar e achava que o Rio de Janeiro era a cidade que eu queria morar pro resto da vida. Eu tinha 24 anos e realizei um sonho que parecia e permanecia inatingível a quase dez: pintei o cabelo de azul, todo o cabelo.
Lembro de ir trabalhar pensando que poderia ser o último dia. Não tinha como prever a reação da minha chefe ao perceber que a “secretária” quietinha que ia a raves, mas não usava drogas (ela duvidava disso, muito. Mas a Leyla era uma mulher de setenta e poucos anos moderna, como eu duvido muito encontrar novamente. Bons atores, artistas em geral, são uma casta distinta da sociedade) estava com o cabelo completamente azul!
- Ué, é impressão minha, é a luz... ou o seu cabelo ta azul?
- Ta azul!
- E por que você veio com essa tiara? Tava com vergonha? Achou que eu não fosse reparar!??? Acho ótimo isso, cabelo é pra mudar mesmo! Se quando eu era jovenzinha como você também tivesse isso... ai, eu teria o cabelo de cor diferente a cada ano, ou a cada mês!

Já não me lembro mais quanto tempo meu cabelo ficou azul. A manutenção era cara e desbotava muito rápido. Lembro que ele cresceu e ficou com uma raiz enorme, mas ainda com a maior parte azul. Então eu me decepcionei com um amor volátil e decidi que era hora de mudar: “Você gosta do meu cabelo azul? Pois ele não existe mais!”

Hoje não tô trabalhando, voltei pra faculdade e aprendi a não calar tanto quando antes. A Leyla, minha ex-chefe, que eu convivi por quatro anos, morreu no final do ano passado e meus amores continuam voláteis, infelizmente. Por fim, meu cabelo hoje não tem química alguma, e eu me assusto com isso com frequência.