16.3.10

Detesto a sensação de ficar com vergonha, mais ainda por sentir uma vergonha de adolescente, como se eu ainda tivesse 15 anos, ou se novamente tivesse. Aquela vergonha de quando encontrava o cara que tinha ficado no dia anterior...

Eu fiquei exatamente assim hoje quando você chegou no meio da galera e passou a mão pelo meu cabelo. Eu senti uma vergonha dessas de ruborizar qualquer bochecha aparentemente desavergonhada. Eu nem te olhei nos olhos, na verdade acho que nem te olhei. Saí de perto depois de poucos minutos sem dizer tchau e te ouvi dizer alto: “Tchau Patrícia!”. Você me ouviu responder? Acho que nem eu mesma ouvi. Que ridícula! Nós somos adultos e eu nem gosto de você. Mas isso é apenas um comentário...

Você sabe que eu tava bêbada, sabe muito bem. Sabe também que eu não me lembro de tudo que aconteceu e que corro o risco de me arrepender se lembrar. Sei que você sabe por que eu esqueci que te tinha no Facebook e publiquei isso lá. Espero que não tenha entendido como uma ofensa, afinal nós sempre fomos amigos e, por mais que eu tenha te olhado diferente algumas vezes (isso você também já sabe, lembro de te dizer entre beijos e cervejas) não quero virar a escrota que pega o amigo e perde o contado, por vergonha ou qualquer bobagem que o valha.
Desculpe não ter falado com você direito hoje ta? Devia ter te deixado perceber que foi ótimo ter falado do Hélio Oiticica, da Lígia Clark, do Parque Lage, de Arte Moderna e Contemporânea e das nossas aulas em comum no semestre passado. Eu nunca tive uma noite de sexta em um depósito da Lapa e uma bebedeira tão culta na minha vida!
É uma pena que você nunca vá ler isso.