1.5.09

Tenho pensado muito em qual a grande diferença entre o que eu sou agora e o que eu era aos 18, 19 anos. Talvez eu fosse mais leve, como disse Carla certa vez. E ser mais leve engloba muita coisa. Diria que eu era menos ridícula. Chorava quase com a mesma freqüência que choro hoje, talvez hoje por um tempo mais prolongado, mas eu tinha menos certezas e ter certezas é a grande base do meu descontentamento.
Eu emagreço e tenho certeza que continuo enorme. Vejo alguém rindo na rua e tenho certeza que é de mim. Se chegarem muito perto, tenho certeza que é pra me fazer mal. Quando um homem me olha tenho certeza que está admirado com minha pouca beleza. Quando entrego um trabalho tenho certeza que o professor vai odiar. Preparo a aula pro estágio certa de que a coordenadora não vai aprovar. Escrevo um post e não publico por ter certeza do quanto ridículo ele é.
Sim, eu faço terapia, análise, ou sabe-se lá como se chama aquela coisa. Eu reclamo e falo de mim no ouvido de uma menina que eu não conheço e ela me ouve porque está é a sua profissão, como ela mesma já disse em um questionamento: “por que você vem aqui ouvir essas bobagens que eu falo?”.
Eu sou uma pessoa esquisita disfarçada de gente normal. Eu faço tudo, ou quase tudo, que “pessoas normais” fazem. Eu estudo, trabalho, como, cozinho, desenho, costuro, falo.
Talvez, se eu não tivesse tanta certeza que sou uma pessoa esquisita, seria uma pessoa normal.