11.4.08

Todo dia, às 17:15, da minha casa ouve-se os gritos frenéticos das crianças que estudam na escola municipal alí na praça. Depois de aproximadamente 4 anos aqui, já sei as horas sem precisar de ponteiros. Às 7 e as 17 o moço do pão passa buzinando. Às 9 o caminhão de gás (que me preocupa, afinal, por que alguém nessa rua ainda não tem gás encanado?) com um grito insuportável de "ô gás!!!". Às 17:15 o último alarme do dia, a hora da saída da escola. O que me impressiona é o fato de não ser possível ouvir o sinal sonoro, mas o grito de felicidade das crianças pelo termino da atividade escolar daquele dia.
Ir a escola é ruim. Foi ruim pra mim e continua sendo ruim pra essas crianças. Não tô dizendo que estudar é ruim, é chato, não ruim. Bom é aprender, mas pra isso somos institucionalizados, presos em salas com carteiras enfileiradas e temerosos pela prova que um dia irá chegar.
Estudo na Faculdade de Educação. Um prédio inteiro, um corpo docente e uma estrutura formada pra que? Ler Paulo Freire não vai fazer de nós uma nova geração de professores motivados e capacitados a não permitir que o sinal de 17:15 seja o mais esperado do dia. Me pergunto se realmente quero ser professora. Mesmo a disciplina de artes sendo menos "quadrada" que outras, trabalhar em escola é institucionalizar-me novamente. Tenho medo de me enquadrar tanto que, ao sinal das 17:15, eu grite e comemore junto, ou mais, que as crianças.